Arlequim - Capítulo III – Polar

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Arlequim já estava se habituando a vida simples e aconchegante na casa do senhor da noite. Durante o dia – pelo menos Arlequim achava, descobriu que sempre estava escuro fora da casa do senhor da noite, ele deduziu as horas e os dias pela fome que sentia em determinada hora, a hora de dormir era determinada pelo o senhor da noite – Arlequim fazia os fazeres de uma casa normal; como limpar a casa, manter as luzes acessa e outras coisas básicas.

Descobriu também que a casa sempre possuía aquela luz que vinha do nada. Era pela a vontade do senhor da noite, apesar de ele comandar a noite, amava a luz, principalmente a luz do sol, e manter essas luzes era preciso só um sopro chamando pelo o nome do senhor da noite que tudo ficava claro como um dia de primavera florido. Comia três refeições por dia, gostava mais do jantar, pois sempre o senhor da noite cantava e lhe contava histórias magníficas. Tudo parecia um lindo sonho que arlequim não queria acordar, era tudo perfeito demais, ate mesmo lavar panelas no final do jantar. Sua tristeza ainda continuava, mas já dava espaço para alguns sorrisos que só levantavam meio lábio. O senhor da noite achou aquilo muito interessante.

Em uma dessas noites, arlequim perguntou novamente sobre a música que o senhor da noite havia cantado quando ele sentou pela a primeira vez naquela cozinha. Foi a primeira vez, depois de 25 dias de estadia que arlequim viu o senhor da noite serio e pensativo de verdade, apesar de parecer ser uma pessoa que gostasse de ri e sempre parecer cantando quando falava, o senhor da noite sempre mantinha aquele olhar. O olhar de um velho, que já viu o mundo dar infinitas voltas sobre o sol; um homem que sabia todas as respostas que você conseguisse perguntar para ele.

Você sabia que o céu era sem estrelas? – perguntou o senhor da noite – acho que isso é meio impossível de eu imaginar, é como dizer que verde é vermelho e vermelho é verde, essas coisas – falou arlequim. No inicio o céu era limpo e infinito, sempre que vinha a noite, que naquela época era chamado de escuro, era preciso acender muitas luzes para não se perder em tamanha escuridão. Durante o dia o sol brilhava e refletia nos corações dos seres que existiam naquela época, mas quando vinha o escuro, todo ser ficava apreensivo e de coração triste, pois achava que o dia nunca vinha.

Vendo isso, o Criador pediu para seus filhos gêmeos vir morar nesse mundo. Os nomes deles era Halmung, O Belo e Lexantes, O Sábio. Disse-lhes para cuidarem do mundo, que lhe dessem sabedoria e felicidade para os seres que habitavam o mundo naquela época. O homem já habitava varias regiões do mundo e tinham grandes palácios, mas faltava uma coisa. A sabedoria. Viviam em constantes guerras, pois tinham medo do escuro, achavam que ao escurecer podiam perder seus reinos, era sempre assim que começava uma guerra. Essas guerras perduraram por muitos séculos. Um desses reinos soube que existiam Os Filhos do Sol e da Lua em algum lugar do mundo, pois foi assim que passaram a ser chamado Halmung, o filho do sol e Lexantes, filho da lua. Esse reino enviou comitivas para todos os cantos do mundo, depois de uma longa espera, ninguém voltou, acharam ate que os Irmãos fossem os culpados por esses desaparecimentos.

Uma noite uma moça encontrou um grande homem chorando e olhando para o céu. Seu choro era tão triste que ela sentiu que ia findar se ficasse mais tempo olhando para aquele homem. Quando o homem percebeu que havia alguém o observando parou de chorar, pois percebeu que era uma linda moça. – O que fazes por essas bandas linda moça? Não vês que estais sozinhas e há perigos que andam por essa escuridão sem fim? – perguntou o homem. – estou perdida nobre senhor, venho de muito longe procurando algo que não se encontra, já enfrentei perigos maiores que uma simples escuridão, às vezes o perigo ronda pelo o dia – falou a moça – mas me diga, por que um homem pode estar chorando? Perdeu algo impossível? – perguntou a moça -
- Impossível é algo que não existe, mas eu perdi algo, pode-se dizer que é impossível de fazer – Disse o homem. Mas me diga outra vez, como você veio parar por essas terras tão solitárias? Estou procurando uma lenda... No começo achei que era verdadeiro, mas depois de tanto procurar e passar por tanto perigos, me dei conta que tudo não passava de uma lenda para fazer as crianças dormirem mais cedo. Disse a mulher. Ele olhou para ela por um tempo, não acreditava que uma moça tão linda e delicada pudesse ter feito uma viagem tão longa e sozinha. Mas os olhos dela não mentiram em nenhuma palavra, o homem teve certeza. – o que você chama de lenda e não consegue encontrar? – perguntou o homem. – eu busco os filhos do Sol e da Lua. Falou a mulher, dessa vez ela disse isso olhando para os próprios pés, achou que ele talvez risse daquilo. - Não me digas que você andou por um longo caminho procurando uma coisa que não existe? -, Ela permaneceu em silencio e olhando ainda para seus pés, ele voltou a fazer outra pergunta. – diga-me mulher, o que você esta querendo fazer quando encontrar esses irmãos? -, ela apenas o olhou por um momento, pela a primeira vez ele observou que aqueles olhos realmente estavam dizendo, e descobriu que aquele encontro não foi um mero acaso. Ela respondeu: - estou precisando de ajuda, meu reino, não, meu mundo, está acabando, só vejo escuro para todas as pessoas. Meu reino está caindo, acho que ele nem existe mais, pois viajo há muito tempo que nem eu sei quanto tempo já se passou, por favor, nobre senhor, diga-me que aquilo que eu busco seja verdadeiro ou apenas me dê alguma esperança que eu estou no caminho certo -, e ela caiu aos prantos nos pés do homem.
Ele ficou observando aquilo tudo. Isso realmente era para acontecer, pensou o homem. Pegou a moça pelos os braços e falou para os olhos dela: - quando você me encontrou sentando nessa pedra qual foi a primeira coisa que viu? Perguntou o homem. – vi um lindo homem chorando e olhando para o vazio da noite, porque esta me perguntando isso? Perguntou a moça. – isso mesmo, eu estava chorando. Chorava porque minha função nesse mundo ainda não foi realizada, fui enviado para cá para fazer algo, mas foi me colocado que eu saberia quando chegasse aqui, mas, depois de anos esperando não encontrei nada, chorei porque meu desespero esta crescendo a cada dia.

Daquele momento em diante aquelas duas pessoas mexeriam o destino e corações de toda a humanidade. O homem convidou a moça para passar aquela noite em sua casa, coisa que ela aceitou com todo prazer. Passados alguns dias - pois o homem descobriu depois que a moça estava queimando de febre, e depois de repousar por vários dias se sentiu melhor – eles voltaram a ter aquela conversa, mas os dois estavam constrangidos um com o outro, mal conseguiam olhar diretamente nos olhos deles. Depois que acordou, a moça achou que realmente estava muito doente, pois aquele homem era mais bonito do que ela tinha imaginado ter visto na noite do encontro, principalmente durante o dia. Ele brilhava. Era isso que ela deduziu, ele brilhava como o sol. Seu coração vibrava e cantava quando ele vinha ver se ela estava bem e confortável, era um sentimento novo, uma coisa que te deixa com uma coisa estranha dentro da barriga.

Na ultima vez que veio perguntou como ela estava. – Estou bem melhor, graças ao senhor, muita obrigada. Falou isso sorrindo para ele, falou aquilo com dificuldade, ficou pensando da dificuldade que sentia agora quando falava com aquele homem estranho e bonito. – Isso é bom, muito bom mesmo! – disse o homem, sorrindo e olhando diretamente nos olhos dela; - acho que você esta boa o bastante para conversar não? – Creio que sim, estou me sentindo bem melhor, não sabia que ainda existia essa sensação de bem estar, ou talvez tenha esquecido esse sentimento, pois só vi escuridão e muito medo na minha longa procura. –Antes de começar, preciso dizer algo importante para você. Nesse momento ele ficou serio e de olhar fechado. Um olhar que te diz que as coisas que estão por vim são sérias e que não é hora para brincadeiras. – Enquanto você dormia em sua febre, falou coisas sem sentido, e duas palavras repetiram-se constantemente, posso falar-las? Perguntou o homem. Quando a mulher ouviu isso, seu coração ficou temeroso. Em sua viagem viu coisas horríveis, sempre tinha pesadelos com aquilo que via durante esse tempo. Ela já se pegou gritando sozinha algumas vezes, mas outra pessoa ouvir seus pesadelos era estranho e ao mesmo tempo atormentador, era uma fraqueza que ela não queria mostrar para ninguém. Ela não falou nada. Apenas o observou por um tempo.
- Desculpe-me se estou sendo grosso, mas é preciso. Não quero ofende-la e nunca quis. Disse o homem. Ela apenas continuava a observá-lo. Depois de um tempo ela falou: - Meus medos são terríveis! Minha dor esta marcada para sempre em meu coração. Se o que eu falei durante meu sono inquieto é importante, por favor, repita-os para mim.

Continua.....

1 Response to "Arlequim - Capítulo III – Polar"

Ana Karoline Says :
13 de novembro de 2008 às 06:01

e a minha curiosidade aumenta...
mágico,baby! meu parabéns!!^^

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