Um Pouco de Morpheus e Neil Gaiman.

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Superman singrou os ares (aos saltos), pela primeira vez, em junho de 1938. Batman estreou como infortúnio dos malfeitores de Gotham City, em maio de 1939. De lá para cá, os dois não sossegaram e o ímpeto de justiça foi retratado em intermináveis séries de quadrinhos, que continuam a sair até hoje, mesmo que as personagens não tenham envelhecido mais que uns poucos anos.

O roteirista de HQs Neil Gaiman conseguiu subverter a lógica das editoras, flexibilizando a lógica comercial que mantém moribundos vivos nas páginas dos quadrinhos. “Sandman”, sua criação máxima, começou a ser publicada pela DC Comics (mesma casa de Superman e Batman) em 1989. Com enredos mais elaborados que o usual nos comics norte-americanos, a revista mensal chegou a ser o terceiro título mais vendido do catálogo da editora, perdendo apenas para os defensores fantasiados acima citados. Durou 75 edições, trazendo começo (normal), meio (mais normal ainda) e fim (fenômeno raro nas HQs made in USA).

A série marcou a história das HQs norte-americanas não apenas por um inusitado fim, mas ainda pelas experimentações de Gaiman e seus colaboradores (confira matéria abaixo). No Brasil, foi publicada meio aos trancos e barrancos ainda na década de 90. Há três anos, “Sandman” vem ganhando uma nova e luxuosa edição brasileira, pela editora Conrad. Os dez volumes projetados pela editora, com capa dura, papel especial e nova tradução, anteciparam “Absolute Sandman”, coleção gringa com a reedição em quatro tomos dos 75 números da série original.Atualmente a Editora Pixel tambem viu que da dinheiro e apostou na Saga de Morpheus, e esta reelançado, ou seja, para nos, Morpheus e seu Sonho ainda nao acabou!! (Trocadilho Escroto!)

Cerimônia íntima

Morfeus, o Rei dos Sonhos, entidade acima e mais antiga que os deuses, era o Sol em torno do qual orbitaram histórias e seres de tempos, espaços e dimensões diversas. Sonho, como também era chamado, era um dos sete irmãos - os Perpétuos, que ainda incluíam Morte, Delírio, Destruição, Destino. Tais personagens apareceram vez por outra ao longo da trajetória do irmão pálido e figurino invariavelmente negro.

É com eles que a personagem central divide as atenções nos dois últimos arcos de história recém-publicados, que encerram a coleção de dez volumes.

“Entes queridos” é o nono e mais extenso volume da coleção. É nele que o Rei-Sonho, tal qual o conhecemos, encontra, efetivamente, seu fim. Gaiman retoma o conjunto de personagens até então apresentados para contar uma tragédia, cuja vítima imolada é Morfeus.

Na saga, o perpétuo torna-se o alvo da Fúrias, trindade supra-divina, que persegue aqueles que derramaram do próprio sangue. O destino de Morfeus foi selado algumas edições antes, no tomo sete (“Vidas breves”), quando atendeu ao pedido de seu filho, Orfeu, e pôs fim a sua vida. “Entes queridos” é um dos momentos máximos da rica carreira de Neil Gaiman, com uma tensão dramático acima da média.

O décimo e último volume da série, “Despertar”, funciona mais como um epílogo. As histórias são protagonizadas por personagens secundárias. Depois de uma longa saga dividida em capítulos, Gaiman volta a se apresentar como narrador de histórias curtas, que parecem se encerrar em si mesmas, mas são perpassadas por um fio que as liga.

Os arquitetos do reino

Livro do jornalista Joseph McCabe reúne depoimentos de Neil Gaiman e seus parceiros na criação de Sandman

Neil Gaiman difere de outro expoente inglês das histórias em quadrinhos, Alan Moore (“V de Vingança”, “Watchmen”, “Lost Girls”), por ser mais acessível ao grande público. Não chega ao experimentalismo do Mago Escriba de Northampton, mas consegue fugir do óbvio e escrever para adultos resgatando elementos do universo infantil (as fábulas, por exemplo) e sem apelar para o sexo e a violência pornográficos.

Se Moore é o gênio que prima pela sofisticação e erudição (que inclui, também, o universo pop), Gaiman é o gênio da simplicidade, ainda que de arquitetura complexa. Como ele consegue tal façanha é uma espécie de informação-Graal que pode conceder capacidades extraordinárias a um aprendiz de quadrinhista. Aos que se propuserem a empreender a busca, um mapa obrigatório é “Passeando com o Rei dos Sonhos: conversas com Neil Gaiman e seus colaboradores”.

O livro reúne 29 entrevistas conduzidas por Joseph McCabe (colaborador de publicações americanas na área das HQs, da ficção-científica e literatura de fantasia). “Passeado...” tem por mote a entrevista com Neil Gaiman que abre a obra. Nela, o escritor fala do papel dos colaboradores na criação de “Sandman” e outros trabalhos em quadrinhos, cinema, literatura e música.

Co-criadores

Melhor do que ver Gaiman falando sobre seu processo criativo (o autor ainda comparece com outra entrevista, que fecha o livro), é confrontar as opiniões de seus muitos colaboradores a respeito de sua obra e métodos de trabalho. “Sandman”, como o próprio título da obra entrega, é o interesse central de McCabe.

Nada menos que treze entrevistas são dedicadas, quase exclusivamente, à criação dos arcos dahistória de Morfeus. Destaque para os depoimentos de Dave McKean (capista de “Sandman”) e a desenhista Jill Thompson. Em outras áreas, os melhores momentos ficam com o roqueiro Alice Cooper e o escritor Terry Pratchett.

Sr Pikachu Sama

1 Response to "Um Pouco de Morpheus e Neil Gaiman."

Ana Karoline Says :
28 de outubro de 2008 às 15:55

Gaiman é um homem iluminado! foi através dele que mergulhei no mundo dos sonhos e fiquei encantada. Ele é mestre! obrigada,baby! ^^

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